sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

ALMAGAMADA 16

Ate agora utilizei metáforas,
E algumas poucas escoras,
Para erguer esta sólida construção,
Forjada a ferro e emoção.

Eu amo.
Esta é a verdade.
Esta é a verdadeira verdade.
Eu amo.

E sendo assim, dou a mão à palmatória,
Nem sempre se conquista a vitória,
Um dia a gente erra,
Outro dia se ganha a guerra.

Na guerra do amor não há vencedores,
Nem perdedores,
Há sim um luta fatal
Entre o bem e o mal.

Se algum dia eu disse que te amo,então desdigo,
Se tentar me ligar, desligo,
Da nossa intimidade,
Não sobrou sequer saudade.

Por que um grande amor não pode ser contido,
Muito menos escondido,
Pode ser, às vezes, preterido,
Mas jamais esquecido.

Concluo aqui esta prosa poética
Antes que se torne patética,
Em fim,
O tão esperado fim.

ALMAGAMADA 15

Eu talvez,
Você por sua vez
Eu não sei,
Eu certamente ficaria.

Sei que errei, a culpa foi minha,
Assumo todo o risco,
Eu ultrapassei a linha,
Arranhei o disco.

Eu devo estar com muito sono,
Estou começando a divagar,
Há aspectos em mim que desabono,
E outros que tenho que relevar.

O nexo causal
Não é o mais usual,
O poema é prolixo,
E é nele que me fixo.

Transporto para a folha alva,
Todo o meu sentimento,
E é esta transferência que me salva,
Que atenua meu sofrimento.

Então sou um sofredor,
Sinto que há em algum lugar uma dor,
Talvez, também haja uma ferida,
Quieta e desapercebida.

Cabe aqui um se não,
Um pequeno provérbio,
Quase um sermão,
Um reles e fútil advérbio
.

ALMAGAMADA 13

A morte seria então complacente,
Chegaria num instante,
Arrebataria minha alma do leito,
E deixaria meu corpo sem jeito.

Mas eu ainda não quero morrer,
Tenho muito que escrever,
Quero viver cada momento,
Degustar cada pequeno sentimento.

Mas mesmo assim eu estou pronto,
Confesso que um pouco tonto,
Mas tenho que concluir este poema,
Escrevê-lo esta se tornando um problema.

Lá fora cai a chuva,
Para alguns, cai como uma luva,
Eu vejo apenas um céu púmbleo,
Carregado de água em seu núcleo.

Se lá fora chove,
Aqui dentro nada me comove,
Nem mesmo nossa foto na parede
Consegue aquietar minha saudade.

Sei que não vou lhe encontrar,
Já fui a todos os lugares conhecidos,
Até aqueles por nós amanhecidos,
Já estou começando a cansar.

Mas, se o destino por acaso,
Ou descaso,
Nos coloca-se frente a frente,
Será que eu ficaria contente?

ALMAGAMADA 12

Não teria te desejado tanto,
Não teria sofrido tanto,
Não teria escrito tanto.
No entanto...

Não me arrependo de nada,
A culpa é desta minha alma gamada,
Foi ela quem por você se encantou,
E sem forças para resistir, por você se apaixonou.

Logo senti a conseqüência deste ato,
Comecei a abusar da gramática,
Parecia que havia perdido a prática,
A razão, a lógica, o tato.

Eu jamais esqueci teu rosto,
Muito menos o teu gosto,
Meu corpo esta impregnado da tua essência,
Eu sucumbo fatalmente ante tua ausência.

Mas porque estou assim?
Nem sei se você esta a fim,
Nem sei se este amor será eterno,
Ou sevai resistir ao primeiro inverno.

Mas sei que se eu tivesse te preterido,
Não teria me ferido,
Não estaria sofrendo,
Não estaria morrendo.

Que bom se de fato estivesse morrendo agora,
Você viria na última hora,
Pegaria na minha mão e sorriria,
E eu então feliz partiria.

ALMAGAMADA 11

Tudo girava ao meu redor,
Letras, palavras, fonemas,
Dígrafos, hiatos, tantos dilemas,
Tudo por que quis expressar minha dor.

Mas de que me serviu tanta inteligência,
Tanto estudo e paciência,
Se pouco sei deste mal que me consome,
Sei apenas o seu estranho nome.


ALMAGAMADA


É isto! Minha alma esta gamada.
Meu coração esta gamado.
Eu estou todo gamado.
Mas será que você esta gamada?

Eu bem queria que você estivesse sentindo,
O mesmo que estou sentindo,
Eu queria ter a certeza
De que o que sinto não é uma incerteza.

De que não existe nenhum engano,
E que eu estou certo,
De que não houve nenhum dano,
Se algum houve, depois conserto.

Por que, se você tivesse me querido,
Do jeito que eu te quis,
E não tivesse me preterido,
Eu hoje seria mais feliz.


ALMAGAMADA 10


É por que acredito que não há mais esperança,
A gramática latina
De longe desatina,
Tanta desatenção, às vezes, cansa.

Não importa, vou ser alguém nesta vida,
Já estou cansado desta minha triste lida,
Estudei e fiz a minha parte,
Vou tentar levar adiante minha arte.

Mas em que parte o encanto se quebrou?
Quando foi que fiquei sem inspiração?
Será que foi a maldição que você me lançou?
Não sei!Só sei que estou sem motivação.

E como não podia ficar sem inspiração,
Procurei um analista,
Mas o meu mal não estava na sua lista,
Estava dentro do meu coração.

Eu estava apresentando sintomas
De uma doença incurável,
Meu corpo estava cheio de hematomas,
E meu aspecto estava deplorável.

Quiseram me internar,
Tentaram me calar,
Amarraram meus braços
E ocuparam todos os meus espaços.

Eles tentaram ser amigáveis,
Disseram que eu deveria gradear todas as minhas emoções,
Os medicamentos genéricos e os placebos eram intragáveis,
Aos poucos fui perdendo todas as sensações.

ALMAGAMADA 9

Tudo o que tinha para chorar,
Eu já chorei.
Tudo o que tinha para poetizar,
Eu já poetizei.

Resta agora uma tênue e frágil esperança,
Uma última e demorada dança,
Um acerto de contas,
Uma aparar de pontas.

Mas, se depois de tudo isto não me ocorrer um infortúnio,
Vou com certeza seguir meu desígnio,
E se Deus quiser serei poeta,
E se não quiser, assim mesmo serei poeta.

É claro que estou brincando,
Acho que estou até caducando,
Deus é a criatura que nos atura,
Que nos faz rezar ate nos jogos de azar.

Deus é ente ,
Não é parente,
Ele nos faz ser amigo
Ate do nosso inimigo.

Deus esta nas alturas
E dentro das molduras,
Porem, não é obra de arte,
Mas tudo o que fez, fez com arte.

Por isto peço a Deus,
Ou aos anjos seus,
Que me de um pouco de luz
Para carregar esta pesada cruz.

ALMAGAMADA 8

Para os críticos de plantão?
Ou para os incultos que rondam meu portão.
Não sei mais o que fazer,
Escrever não esta me dando mais nenhum prazer.

Escrevo para alguém que sabe,
Que no meu coração cabe,
Que sabe da chama que em meu peito arde,
Mas que nem assim faz alarde.

E mesmo que fizesse alarde,
Acho que seria muito tarde,
É que já desperdicei todas as chances de retorno,
Já enviei ate flores em suborno.

Mas tudo foi em vão,
Eu acreditei na doce ilusão
De que ainda existia um pouco de amor
Capaz de acalmar tua dor.

Mas porque sofro tanto?
E de que me valeu tanto pranto,
Eu só queria estar contigo,
E não estar ao teu lado só pode ser castigo.

Se for castigo, pago qualquer preço,
Mudo até de endereço.
Por você faço qualquer sacrifício,
Só não peça que deixe meu ofício.

Por que escrever é meu ofício,
E também meu vício.
Por isto não posso errar,
Muito menos fraquejar.

ALMAGAMADA 7

E mesmo que a alma
Seja calma,
Nada acalma
Uma alma inquieta.

Fiz tudo por amor,
Por amor fiz o que fiz,
Quis compartilhar meu amor,
Quis apenas ser feliz.

Dizem que a felicidade
É um estado de espírito,
Que independe de idade,
É sentimento que não pode ser descrito.

Se ser feliz era meu intento,
Queria que fosse ao seu lado,
Mas perdi o momento,
E hoje sigo desolado.

Não esta sendo fácil escrever esta poesia,
Eu bem sei disto,
Mas não preciso de nenhum visto,
Para transmitir aos outros minha alegoria.

Alias, não sei por que ainda escrevo,
Ninguém mais lê,
Ninguém mais crê,
Realmente não sei por que ainda escrevo.

Se neste mundo não há mais belezas,
Alegrias ou sutilezas,
Se for pensar bem,
Escrever para quem?

ALMAGAMADA 6

Que ele consiga desvendar
A mensagem criptografada da poesia,
E que não tenha medo de revelar
A minha verdadeira filosofia.

Eu não sou nenhum filósofo,
Às vezes, filosofo,
Outras vezes, discordo,
Poucas vezes concordo.

É que dizem que o poeta é um Vate,
Um profeta que se bate,
Que usa a poesia para alterar destinos,
Com seus belos versos finos.

Como poeta, sofro com as dores alheias
Como se fossem minhas,
Dores que se tornam falsas idéias,
Transformando-se em versos e rimas mesquinhas.

Por isto quando digo,
Que meus versos não têm rima
Na verdade não ligo.
Eles realmente não têm rima.

Não tem a rima que quero,
Nem o encanto que espero,
Fica claro que tenho inveja,
Dos poetas ou de quem quer que o seja.

Devo esquecer a hipocrisia,
Porque jamais disse que o que escrevia,
Vinha do fundo de minha alma,
Na verdade escrevo buscando a calma.

ALMAGAMADA 5

É gratificante ver um poema nascer,
Tomar forma e crescer,
Vê-lo ensaiar os primeiros trôpegos traços,
E poder ajudá-lo a desviar-se dos inúmeros percalços.

O poema depois de pronto,
Seguira seu próprio rumo,
E mesmo que estiver fora de prumo,
Será bem melhor que um conto.

Não pensem que sou contra os contos,
Eu também os escrevo,
Mas só na poesia me enlevo,
Mesmo com todos os descontos.

Antes escrevia a mão,
Errava, apagava e recomeçava,
Custei a me acostumar com a digitação,
Agora eu digitava e apagava, digitava e apagava.

Tenho uma caneta filigrana,
Que me custou muita grana,
Tenho-a não por vaidade,
Mas por pura necessidade.

É que por serem caneta-tinteiro,
Elas não deformam minha grafia,
Que é diferente da minha ortografia
De poeta aventureiro.

Quero que o leitor desavisado,
Compreenda a intenção do verso,
Que descubra este vasto universo,
Através do subterfúgio por mim utilizado.

ALMAGAMADA 4

Tentei então manter-me discreto
Quanto ao que sentia,
Tentei mantê-lo secreto,
Mesmo sabendo que mentia.

Por isto, quando escrevo ganho asas,
Vou a todas as casas,
Não importa se a porta e de cobre,
Ou um casebre de um pobre.

Arrebento as tramelas se for preciso,
Jamais fico indeciso,
Eu chego das alturas,
E espanto todas as loucuras.

Depois o louco sou eu,
Eu que apenas poetizo,
E dizem que até faço feitiço,
Porque tenho um mundo só meu.

Mas quem sou eu para pensar assim,
Este poema parece que não quer ter fim,
É totalmente independente,
Debochado e indecente.

Eu sou um poeta cognitivo,
Busco o auto conhecimento,
O que escrevo não é definitivo,
É tudo questão de momento.

E o momento é de parir este poema,
Cuidar da sua gestação,
E dar-lhe boa educação,
Para que no futuro não se torne um dilema.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

ALMAGAMADA 3

Escrever para mim tornou se um vicio,
Que se fez desde o inicio,
Uma espécie de sina,
Que insiste e me ensina,

Agora, se é de qualidade o que escrevo,
Isto é eu não sei, sei escrever.
Se meu destino é escrever,
Então escrevo.

Eu acreditava que qualquer um podía ser poeta,
Que era so começar a escrever e pronto,
Ja nascía um grande poeta,
Mas este não era o ponto.

Um poeta deveria ter uma motivação,
Algo que lhe despertase a inspiração,
Que fosse marcante
Único e palpitante.

Então quando te conheci,
Tudo dentro de mim se alertou,
Todo se despertou,
E eu nunca mais te esqueci.

Quis ser mais do que deveria ser,
Não era para querer tanto, mas quis,
Quis descobrir teus segredos mais sutis,
Desvendar o âmago do teu sublime ser.

Confesso que no começo não pensei em sexo,
E não pensar em sexo é tão sem nexo
Que percebi que havia algo errado.
Tive medo de estar realmente apaixonado.

ALMAGAMADA 2

Talvez sim.
Talvez não.
A escravidão chegou ao fim,
Hoje ate nos estendem a mão.

Será que quando virem meus cabelos encaracolados,
E Esta minha cutiz parda,
Será que não ficarão amolados,
Ao verem que não tenho nenhuma sarda?

Alguns empinarão seus narizes,
Outros sentirão dores em suas verdes varizes,
Poderão ate reclamar aos brados,
Os recalcados e os desequilibrados.

É que não há em lugar algum,
Digo, em lugares de destaque,
Danças e sons de atabaque
De Afro descendente nenhum,

Será que os negros são poucos?
Ou Será que há muitos brancos?
Mas isto não vem ao caso.
O que importa é o que eu faço.

Eu faço poesias.
Escrevo poesias.
Vivo de poesia.
Sou todo poesia.

Só fui conhecer as letras,
A língua portuguesa e as suas regras,
Assim que comecei a ler,
Desde então não parei mais de escrever
.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

ALMAGAMADA 1


1. Um dia quis ser poeta,
2. Pequei papel e caneta,
3. E me pus a compor versos,
4. Versos e mais versos.

5. Os versos no começo não tinham rima,
6. Eram prematuros e inocentes,
7. Não tinham nada de obra-prima,
8. Mas assim mesmo eram descentes.

9. Não havia luz naqueles versos,
10. Eu queria a gloria instantânea,
11. Queria ver meus versos
12. Ate mesmo em uma coletânea.

13. Mas eu tinha medo dos humanos, reles mortais,
14. Aqueles que se julgavam o máximo, os tais,
15. Que diziam que os poetas distorciam as palavras
16. Sobrepujando-as com sementes de infrutíferas lavras.

17. Talvez eles tivessem razão,
18. Eu não sabia se os meus poemas
19. Seriam bons ou não,
20. Poderiam ser só poemas.

21. Meu pai era assalariado,
22. Minha mãe dona de casa,
23. Eu nasci anjo, mas não tinha asa,
24. Por isto cresci com este jeito contrariado.

25. Será que eu devo revelar que vim à força da África
26. Para padecer nesta América?
27. Será que fará alguma diferença
28.Saber qual a minha crença?